O Conto é a forma narrativa, em prosa, de menor extensão (no sentido estrito de
tamanho), ainda que contenha os mesmos componentes do romance. Entre suas
principais características, estão a concisão, a precisão, a densidade, a
unidade de efeito ou impressão total – da qual falava Poe (1809-1849) e
Tchekhov (1860-1904): o conto precisa causar um efeito singular no leitor;
muita excitação e emotividade.
Crônica, é o único gênero literário produzido essencialmente para ser veiculado
na imprensa, seja nas páginas de uma revista, seja nas páginas de um jornal.
Quer dizer, ela é feita com uma finalidade utilitária e pré-determinada:
agradar aos leitores dentro de um espaço sempre igual e com a mesma
localização, criando-se assim, no transcurso dos dias ou das semanas, uma
familiaridade entre o escritor e aqueles que o lêem. A crônica é,
primordialmente, um texto escrito para ser publicado no jornal. Assim o fato de
ser publicada no jornal já lhe determina vida curta, pois à crônica de hoje
seguem-se muitas outras nas próximas edições.
Basicamente, o que diferencia o conto da crônica é a densidade poética.
O conto é pesado, a crônica é leve. O conto deve provocar e inquietar, a
crônica deve entreter e deleitar. A crônica é a prosa curta, amena e coloquial,
com toques de malícia e humor, sobre os fatos políticos da atualidade ou sobre
os hábitos e costumes dos diversos segmentos sociais.
No conto a história é completa e fechada como um ovo. É uma célula dramática,
um só conflito, uma só ação. A narrativa passiva de ampliar-se não é conto.
Poucas são as personagens em decorrência das unidades de ação, tempo e lugar.
Ainda em conseqüência das unidades que governam a estrutura do conto, as
personagens tendem a ser estáticas, porque as surpreende no instante climático
de sua existência. O contista as imobiliza no tempo, no espaço e na
personalidade (apenas uma faceta de seu caráter).
A crônica é um gênero híbrido que oscila entre a literatura e o jornalismo,
resultado da visão pessoal, particular, subjetiva do cronista ante um fato
qualquer, colhido no noticiário do jornal ou no cotidiano. É uma produção
curta, apressada (geralmente o cronista escreve para o jornal alguns dias da
semana, ou tem uma coluna diária), redigida numa linguagem descompromissada,
coloquial, muito próxima do leitor. Quase sempre explora a humor; mas às vezes
diz coisas sérias por meio de uma aparente conversa – fiada. Noutras,
despretensiosamente faz poesia da coisa mais banal e insignificante.
E, finalmente, a crônica é o relato de um flash, de um breve momento do
cotidiano de uma ou mais personagens. O que diferencia a crônica do conto é o
tempo, a apresentação da personagem e o desfecho.
No conto, as ações transcorrem num tempo maior: dias, meses, até anos, o que
não se dá na crônica, que procura captar um lance curioso, um momento
interessante, triste ou alegre. No conto, a personagem é analisada e/ou
caracterizada, há maior densidade dramática e frequentemente um conflito,
resolvido em desfecho. Na crônica, geralmente não há desfecho, esse fica para o
leitor imaginar e, depois, tirar suas conclusões. Uma das finalidades da
crônica é justamente apresentar o fato nu, seco e rápido, mas não concluí-lo.
A possível tese fica a meio caminho, sugerida, insinuada, para que o leitor
reflita e chegue a ela por seus próprios meios.